Bravos, leais e altamente treinados: os cães da Polícia Penal de SC ajudam a manter a ordem no sistema prisional

Em uma base estratégica e discreta na Grande Florianópolis, pulsa um dos braços operacionais mais especializados da Polícia Penal de Santa Catarina: a Divisão de Operações com Cães (DOC). Ao todo são quatro cães e sete operadores, a unidade atua com precisão em missões que exigem técnica, preparo físico e, principalmente, confiança entre o condutor e seu parceiro de quatro patas.
A criação da DOC teve início em 2017, quando cinco policiais penais participaram de uma oficina de estudos promovida pela antiga ACADEJUC, hoje ACAPS. O objetivo era analisar a viabilidade do uso de cães no sistema prisional catarinense. Um ano depois, em 11 de setembro de 2018, o projeto ganhou forma oficial com a criação da Divisão.
Desde então, a missão da DOC é clara: atuar de forma preventiva para inibir e localizar materiais ilícitos e proibidos no interior das unidades prisionais. Drogas, armas, celulares, dispositivos eletrônicos e até artefatos explosivos estão entre os itens que os cães são treinados para detectar. Além disso, os animais atuam na busca por foragidos, resgate de pessoas em situações de emergência, intervenções prisionais e escoltas de presos e autoridades — além de participarem de operações conjuntas com outras forças de segurança pública.

Os quatro cães da divisão são todos da raça Pastor Belga Malinois — reconhecida por sua inteligência, agilidade, resistência e instinto de proteção. A escolha não é por acaso. “Eles precisam reunir uma série de características específicas, como bom temperamento, treinabilidade, saúde e comportamento estável. São verdadeiros atletas do trabalho policial”, explica o Coordenador do DOC, Volnei dos Santos Vasconcelos.
Já os policiais penais que atuam na divisão passam por capacitações específicas, como o curso de condutor K9 e de operações com cães, promovidos pela ACAPS. O preparo técnico garante que a atuação com os animais ocorra dentro dos mais altos padrões operacionais.
A rotina de atuação é intensa. Em média, duas operações programadas são realizadas por semana, além de acionamentos emergenciais. Uma das ações que ganhou destaque, segundo o Coordenador, foi a localização de munições de arma de fogo em uma unidade prisional — uma apreensão que evitou riscos graves à segurança interna.
Os resultados obtidos pelo grupo vão além da apreensão de materiais. A presença ostensiva dos cães nas unidades provoca um efeito psicológico nos detentos, aumentando a sensação de vigilância e reduzindo tentativas de entrada de ilícitos. É uma força extremamente eficaz.

No dia a dia, o bem-estar dos cães é prioridade. Eles são avaliados constantemente por seus condutores e qualquer alteração de saúde é imediatamente comunicada ao veterinário responsável. Ao fim da carreira, os cães passam por um processo de baixa do patrimônio e são destinados a tutores selecionados — que podem ser servidores da própria corporação ou membros da sociedade. A adoção é feita após análise técnica e acompanhada por visitas periódicas, garantindo que o animal continue recebendo os cuidados adequados após anos de serviço.
Com quase sete anos de existência, a Divisão de Operações com Cães da Polícia Penal de Santa Catarina se consolidou como uma referência no país. Mais do que coibir o crime, seus agentes — humanos e caninos — simbolizam a disciplina, a coragem e a confiança que movem as engrenagens de um sistema prisional que busca, cada vez mais, ser sinônimo de segurança e profissionalismo.