Dease reduz em mais de 60% número de adolescentes evadidos do sistema socioeducativo

O Departamento de Administração Socioeducativo (Dease) registrou uma redução de 60,86% no número de adolescentes evadidos ou foragidos do sistema. O resultado é fruto de um projeto desenvolvido pela Central de Vagas (CTV), com apoio estratégico dos Núcleos de Inteligência do Sistema Socioeducativo (Nises), em especial do Case de São Miguel do Oeste, além da colaboração de forças policiais, Poder Judiciário e órgãos da segurança pública.
A ação teve como foco a revisão e correção de falhas administrativas e judiciais que dificultavam a busca e apreensão dos adolescentes em situação de evasão. Em abril de 2025, a lista registrava 69 adolescentes evadidos. Após o esforço concentrado, o número caiu para 27 jovens, representando a significativa redução de 60,86%.
O primeiro passo foi um levantamento junto às unidades que registravam evasões, para confirmar o envio de Boletins de Ocorrência (BOs) e a devida comunicação ao Judiciário. Em seguida, o projeto revelou um dado preocupante: alguns adolescentes não tinham Mandado de Busca e Apreensão (MBA) em aberto, o que impossibilitava a atuação da polícia.
A partir do mapeamento feito pelo Nise de São Miguel do Oeste, a Central de Vagas encaminhou ofícios ao Judiciário questionando as pendências. Durante o processo, foi identificada uma inconsistência na integração entre os sistemas SISP e EPROC, fazendo com que alguns MBAs constassem em apenas uma das plataformas. A falha foi comunicada oficialmente à Corregedoria-Geral da Justiça.
Com as informações de inteligência repassadas pelos Nises, as forças de segurança conseguiram realizar diversas recapturas. Em um dos casos, um adolescente foi localizado e apreendido fora do estado, no Paraná, demonstrando o alcance das ações coordenadas.
Mesmo com a redução expressiva da lista de evadidos em aberto, o Dease alerta: o número de evasões acumuladas nos últimos 12 meses quase dobrou em relação a 2022. Isso indica a necessidade de ações estruturais e preventivas, para além do esforço de recaptura.
O relatório sugere que a Coordenadoria Técnica de Segurança, em articulação com gestores, superintendentes e chefias de segurança, atue de forma integrada para prevenir novas evasões. Também é recomendada a realização de alinhamentos com o Judiciário, especialmente sobre o perfil dos adolescentes encaminhados à semiliberdade, e que o tema seja pautado em reunião do Conselho Gestor do Dease.
O projeto demonstra que ações articuladas e foco estratégico são capazes de gerar impacto real, mas reforça que a prevenção, o diálogo interinstitucional e a gestão da capacidade das unidades devem estar no centro da política socioeducativa.
Crédito foto: Jaqueline Noceti/SEJURI